terça-feira, 28 de agosto de 2012

Planejamento e compra de imóvel


Planejamento evita que compra da casa própria vire um problema de difícil solução
Entre as despesas envolvidas entram até mesmo gastos com mudança para o imóvel e reformas

Júnia Leticia - Estado de Minas

Publicação: 26/08/2012 11:31 Atualização:


Especialistas afirmam que a maioria das pessoas não toma os devidos cuidados quando compra ou financia um imóvel

Para a maioria dos brasileiros, a compra da casa própria precisa ser realizada recorrendo a um financiamento. Mas não é raro ocorrerem descontroles que levam a um desequilíbrio nas finanças, acarretando o pagamento de juros e até mesmo comprometendo a quitação do bem.

A fim de evitar que isso ocorra, é preciso organização, como alerta o presidente da Associação dos Mutuários e Moradores de Minas Gerais (AMMMG), Sílvio Saldanha, que aponta os erros mais comuns cometidos por quem recorre ao crédito imobiliário. “Atualmente, as pessoas que apresentam dificuldades ou problemas com a aquisição da casa própria são aquelas que compraram pela emoção, pelo impulso, sem planejamento financeiro”, afirma.

Ricardo Maurício, advogado do escritório Brettas & Reis, observa que a maioria das pessoas não tem a devida cautela quando compra ou financia um imóvel. O primeiro passo, segundo ele, é o planejamento. “As pessoas devem ter consciência de que estão contraindo uma dívida a ser paga em um longo prazo, com a incidência de juros, correção monetária e outras taxas. Por isso, deve-se verificar se a prestação cabe no orçamento familiar, contando ainda com a possibilidade de imprevistos, como a perda do emprego, entre outros”, aconselha.

O professor Cleidson Silva é uma das pessoas que foram surpreendidas com gastos com os quais não contava quando adquiriu seu apartamento no Bairro Santa Amélia, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte, há sete anos. “Dei uma entrada com meu FGTS e outra na promessa de compra e venda. Só que não me preparei para as demais despesas, como reformas, mudança e taxas. Aí, tive de pegar empréstimos no banco e com familiares e somente há pouco tempo consegui me reequilibrar financeiramente”, conta.

CRÉDITO

Mas o advogado Ricardo Maurício chama a atenção para outro cuidado, que, por vezes, é esquecido. De acordo com ele, em algumas situações o contrato de promessa de compra e venda é assinado sem que a pessoa saiba se vai conseguir o crédito bancário, o que pode acarretar transtorno, uma vez que há previsão de multas. “Por fim, há casos em que o banco cobra uma taxa de juros elevada e o sistema de amortização da dívida não permite que o débito seja reduzido com o tempo, gerando uma dívida impagável.”

Entre os motivos para que esses erros ocorram, Sílvio Saldanha cita as condições de compra no mercado, associadas à facilidade de crédito e ajuda de programas do governo, que permitem adquirir imóveis na planta sem entrada, com subsídio governamental e taxas de juros baixíssimas. “Isso é muito convidativo. O consumidor só planeja o curto prazo e ignora que aquela dívida pode perdurar por décadas”, lembra.

As dificuldades para fazer uma análise técnica do contrato de financiamento assinado com a instituição financeira também podem levar a erro. “No momento do financiamento, o consumidor está em situação desprivilegiada em relação ao banco, tanto técnica quanto economicamente, quando concorda com cláusulas contratuais sem saber seu verdadeiro conteúdo, pois é leigo no assunto.”

Compra sem segredo
Para adquirir o imóvel dos sonho, o consumidor, geralmente, tem que recorrer ao crédito bancário. Para não correr riscos, o ideal é contar com a ajuda de especialista

Cautela, busca de informações, organização financeira, planejamento e consultoria com especialistas. Esse é o conjunto de fatores apontados pelo presidente da Associação dos Mutuários e Moradores de Minas Gerais (AMMMG), Sílvio Saldanha, para evitar transtornos no que se refere à obtenção de crédito imobiliário. Seguindo à risca essa receita, é possível fazer a melhor escolha na hora de comprar o imóvel.

O advogado Ricardo Maurício destaca a importância de se cercar de cuidados antes de assinar um contrato de financiamento imobiliário. “Com a ajuda de um especialista, recomenda-se fazer um cálculo para escolher o melhor plano de financiamento e que caiba no bolso.”

A orientação é que se consulte um advogado especialista no ramo imobiliário antes da assinatura do contrato, para que haja a prevenção de eventuais ilegalidades. “Financiar um imóvel é uma das decisões mais difíceis que uma pessoa pode tomar, pois envolve uma série de detalhes. Se a pessoa não for bem assessorada, poderá estar tomando uma atitude temerária, colocando em risco o patrimônio de uma vida”, diz Ricardo Maurício.

Ele recomenda que seja evitado, por exemplo, o sistema de amortização de dívida regido pala Tabela Price, “que inclui cobrança de juros sobre juros, prática ilegal segundo a legislação vigente. Nesse caso, deve-se optar pelo Sistema de Amortização Constante (SAC), no qual os juros são reduzidos com o tempo e sempre uma parcela igual da dívida é quitada.”

Segundo o advogado, tudo deverá ser analisado: sistema de amortização, correção monetária, juros, outras espécies de taxas, seguro, entre outros. “Deve-se, também, elaborar um cálculo de evolução do financiamento para verificar determinadas desproporções ao longo do tempo. Esse trabalho deverá ser aliado a um planejamento financeiro por parte de quem compra para que o consumidor possa se cercar de todos os cuidados necessários à efetivação do negócio”, orienta Ricardo Maurício.

Outra informação importante se refere aos requisitos necessários para se ter acesso ao crédito. “A maioria dos bancos, nos contratos de financiamento imobiliário, exige que pelo menos 20% do valor total financiado seja pago à vista. Além disso, o consumidor deve limpar seu nome nos órgão de proteção ao crédito para seu financiamento ser aprovado.”

Se o imóvel estiver pronto, é necessária uma parcela razoável de entrada. No caso de compra na planta, além de ter de arcar com despesas de moradia até que o imóvel fique pronto, há os pagamentos que devem ser feitos para a construtora, como lembra Sílvio Saldanha.

Para que o crédito obtido – e, consequentemente, os juros – com a instituição financeira seja o menor possível, o conselho de Ricardo Maurício é que seja dada uma entrada com o maior valor possível. “O consumidor deve verificar se a prestação paga não compromete em mais de 35% o orçamento familiar”, acrescenta.

NEGOCIAÇÃO

Tomados esses cuidados, o próximo passo é pedir a um advogado que faça uma análise jurídica do contrato, para averiguar a existência de cláusulas abusivas, capazes de onerar exageradamente o consumidor. “Além disso, há que se fazer um cálculo minucioso e detalhado sobre a evolução do financiamento ao longo do tempo, para verificar a existência de alguma ilegalidade embutida nas prestações.”

Seguir essas orientações é de suma importância para que o mutuário não corra o risco de não conseguir pagar a dívida. “Segundo a legislação vigente, a inadimplência de três prestações do financiamento já é suficiente para a penhora e leilão do imóvel pelo banco. Por isso, caso o mutuário verifique que não terá condições de arcar com o pagamento das parcelas, poderá procurar o banco e propor um plano de refinanciamento”, diz Ricardo Maurício.

Apesar de essa ser uma solução amigável, pode não ser a melhor, pois o banco incrementará a cobrança de juros por meio desse aditivo contratual. “Em muitos casos, devido aos abusos perpetrados, deve-se buscar judicialmente a revisão do contrato para a adequação das parcelas.”

Ricardo Maurício informa que, mesmo que o imóvel esteja em leilão, há meios judiciais de anulá-lo ou impedi-lo de ocorrer. Isso porque, de acordo com o advogado, o processo que leva o bem a leilão não é legítimo. “Os bancos se utilizam da chamada execução extrajudicial, procedimento considerado ilegal pela Justiça.”

Para se chegar a um acordo, Sílvio Saldanha aponta como caminho ouvir todos os lados envolvidos: “O agente financeiro ou construtora que efetuou a venda/financiamento do imóvel para apurar alguma proposta ou solução e um profissional do direito que entenda dessa área. Assim, apresenta-se as opções administrativa e a judicial para sanar o problema.”

Para quem pretende comprar um imóvel

» Saiba onde está pisando
Não importa se o imóvel é novo ou usado. O mutuário deve checar a construtora e a imobiliária que intermediam a compra. O comprador tem o direito de pedir toda a comprovação de que o imóvel está legalmente registrado e com as obrigações em dia.

» Veja se o imóvel cabe no seu bolso
Dar o passo maior que a perna pode ser uma porta aberta para a futura inadimplência. Portanto, analise se o imóvel cabe no seu bolso. Para isso, a prestação mensal não deve passar de 35% da renda familiar.

» Guarde mais, financie menos
De acordo com consultores financeiros, o mutuário deve ter um terço do valor do imóvel para dar de entrada antes de pensar em contratar um financiamento. Assim, poderá encurtar o prazo da operação e reduzir a quantidade de juros a pagar.

» Compare bem as taxas de juros
As taxas de juros podem variar bastante de banco para banco. Por isso, é bom que o consumidor fique atento: faz muita diferença, por exemplo, pagar uma taxa de 9% para o banco A e de 12% para o banco B. Nesse caso, o cliente da instituição A pagará 25% menos que o mutuário que escolher a instituição B.

» Lembre-se das taxas
Não basta ter dinheiro apenas para pagar o financiamento. É preciso lembrar que existem custos com a transferência de propriedade do imóvel e também para o pagamento de Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI).

» Escolha o imóvel que você precisa
Analistas de mercado de imóveis dizem que o comprador deve imaginar sua vida num prazo de oito anos: dentro de alguns anos, vou estar casado, formar família, vou trabalhar na mesma área? É com base nessa perspectiva de mais longo prazo, e não nas necessidades imediatas, que a decisão de compra deve ser tomada.

Fonte: Ewerson Moraes, professor de finanças da Faculdade IBS/FGV

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Renegociação de contratos de consumo - 2


Há alguns dias, um operador da NET entrou em contato com a Sara e ofereceu para ela um upgrade no nosso pacote de TV a cabo: por apenas R$ 10,00 a  mais por mês, teríamos NET HD. Como muitas vezes essas aparentes promoções são, na verdade, uma grande furada, a Sara falou que iria pensar e depois decidiria. Conversamos que achamos que valeria a pena sim, se as condições fossem realmente essas.

Ligamos para a NET, e não havia mais a promoção, apenas o pacote "normal", que ficaria R$ 20,00 a mais por mês. Não é por amarração, mas já que existia uma promoção, por que aceitar o pacote normal? Falamos então que pensaríamos, e que retornassem no dia seguinte.

No próximo contato, informei ao atendente que não queria, que só queria se fosse promoção. Ele devolveu, informando que a promoção de R$ 10,00 não estava mais disponível, mas que ele poderia me dar um desconto de R$ 40,00 no plano HD por seis meses. Fiz as contas e percebi que esse desconto de R$ 40,00  ficaria exatos R$ 20,00 mais baratos que o meu plano atual, e que, depois que a promoção acabasse, ficaria exatos R$ 20,00 mais caros. Ou seja, no período de um ano, o plano HD saiu de graça, pelo exato preço do plano antigo. Basta fazer as contas: 6 meses pagando menos 20, e 6 meses pagando mais 20.

Conclusão: no final das contas, a promoção inicial de R$ 10,00 a mais acabou sendo uma furada, se comparado à segunda oferta, que saiu pelo mesmo preço. Só me pergunto se eles têm ideia disso... No mínimo curioso...

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Rio de Janeiro: campeão olímpico em preços de imóveis?


Raquel Rolnik, em: http://br.noticias.yahoo.com/blogs/habitat/rio-janeiro-campe%C3%A3o-ol%C3%ADmpico-em-pre%C3%A7os-im%C3%B3veis-181106007.html

Ao que parece, o tema da escalada dos preços dos imóveis no mercado imobiliário do Rio de Janeiro entrou definitivamente na agenda, ao menos nas temáticas consideradas relevantes pelo núcleo de novelas da Rede Globo... Há exatamente um ano, Carol, a personagem de Camila Pitanga na novela "Insensato Coração", enfrentou um problemão na hora de alugar um apartamento na zona sul do Rio. Os altos preços dos imóveis, causados pelo boom do mercado imobiliário, quase viraram motivo de crise conjugal entre Carol e André, o personagem de Lázaro Ramos.

Agora é a vez de Monalisa, personagem vivida por Heloísa Périssé em "Avenida Brasil", de passar pela mesma situação. No capítulo desta terça feira (30), a cabeleireira suburbana visitou o apartamento que pretende comprar na zona sul e quase caiu pra trás quando ficou sabendo o valor do imóvel: "Milhões? No plural? Por umas paredes e um piso de madeira velha?". O que Monalisa não sabe é que o boom do mercado imobiliário está diretamente ligado à explosão de investimentos e ao marketing em torno da cidade do Rio de Janeiro, catapultados pela Copa e Olimpíadas, além de também refletir, como em outras cidades brasileiras, condições mais gerais do país, como a abundância de crédito habitacional e o crescimento econômico.

Em 2011, o mercado imobiliário na cidade do Rio de Janeiro teve um aumento de 44% em relação ao ano de 2010, foi o maior aumento do setor no país. Entre 2001 e 2010, este aumento chegou a 700%. Em declaração à imprensa, o Sindicato da Indústria da Construção no Rio de Janeiro (Secovi-RJ) avalia que "os preços tendem a se estabilizar, mas não vão descer de patamar".
Este boom imobiliário é mais intenso justamente nas áreas que são objeto de investimentos para a preparação da cidade para a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016: de acordo com o Secovi, bairros como Barra da Tijuca, centro, Deodoro, Jacarepaguá, Maracanã e Tijuca tiveram as mais altas valorizações do mercado por conta de sua proximidade com os locais de competição. O corredor olímpico, entre a Barra da Tijuca e o Recreio, valorizou 50% em 2010, concentrando o maior número de lançamentos de imóveis.

Eu diria ainda que, com a aproximação da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, é possível que a situação piore. Aliás, atualmente, o que mais ouvimos quando algo vai mal — nos aeroportos, nos congestionamentos ou nos trens superlotados, por exemplo — é: "imagina na Copa e nas Olimpíadas?". Parece que a piada serve também para o mercado imobiliário carioca... que, basicamente, em 2016, poderá apresentar dois cenários: alcançar patamares nunca antes atingidos na história deste país, ou estar vivendo o chamado bust, ou a crise, amarga, que vem depois do boom. É o que hoje estamos vendo acontecer nos EUA e na Espanha..