terça-feira, 17 de julho de 2012

Um fundo de renda fixa no fim do túnel


Sempre grande defensor dos títulos do tesouro direto como salvação dos investimentos em renda fixa, recentemente tenho me frustrado ao entrar no site do Tesouro Direito para investir em títulos... Os sucessivos cortes na taxa de juros tornaram a rentabilidade dos títulos menos atrativa. Onde antes se achava títulos remunerados a uma taxa de 13 a 15 %, hoje em dia apenas se acha taxas por volta de 9, 10%.

Almoçando, um amigo me falou que estava investindo em um fundo de renda fixa do HSBC (HSBC FI Renda Fixa LP Preços), cuja rentabilidade estava em torno de 20% ao ano. Acreditando que ele estava delirando, falei que não era possível, a não ser que fosse um fundo multimercado, ou algo do gênero. Não havia possibilidade do fundo apresentar esse rendimento se não houvesse uma parcela considerável de renda variável dentro dele, o que, logicamente, aumentaria seu risco. No entanto, meu amigo me garantiu que era um fundo de renda fixa, inclusive com classificação de risco "média". Bom, nenhum fundo com investimentos em renda variável tem classificação de risco "média", então tratei de pedir a ele que me enviasse as especificações do fundo.

Ao pesquisar sobre o fundo, fiquei um tanto espantado. O fundo está tão atrativo que está levemente assustador. Não há nenhuma pegadinha?

Normalmente, os fundos de investimento tem um benchmark. O benchmark de um fundo é geralmente um índice referência, ou seja, o objetivo do fundo é superar o índice de referência. Sobre a rentabilidade que ultrapassar esse índice de referência, costuma-se cobrar uma taxa de performance, de 20%, por exemplo. Isto é, uma vez atingida a rentabilidade X proposta, 80% são seus e 20% da instituição gestora do fundo.

O benchmark do fundo é o IMA-B, um índice calculado pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). Esse índice considera as taxas de remuneração do título do tesouro LTN-B, e nos últimos 12 meses acumulou aproximadamente 24% (!!). A discrepância entre os valores percentuais de remuneração das LTN-Bs que estão à venda hoje, e o índice IMA-B se deve, dentre outros fatores, ao fato de que o IMA-B leva em consideração LTN-Bs que já foram emitidas no passado, e que não estão à venda no site do Tesouro atualmente. Como, no passado, a taxa de juros básica da economia já foi muito mais alta do que a atual, já foram emitidas LTN-Bs com rendimentos muito superiores, como por exemplo 25%, 30% a.a. Por isso o IMA-B representa um percentual muito mais elevado.

Enfim, entendido que o benchmark do fundo em questão é o IMA-B, basta dizer que o fundo mescla investimentos em títulos públicos e privados, e tem superado o IMA-B em aproximadamente 2%. A taxa de administração do fundo é de 0,5%, o valor mínimo para aplicação é de R$ 15.000,00 e a taxa de performance (sobre o que superar o IMA-B é de 20%).

Bom, nem precisa dizer que rentabilidades passadas não garantem rentabilidades futuras, e que o fundo pode a partir de hoje passar a apresentar uma rentabilidade terrível, mas enfim... Parece que estamos diante de uma possibilidade de investimento em renda fixa com retornos superiores a 20% a.a.? Achei tão atrativo que fiquei até desconfiado... Alguém é investidor ou conhece esse fundo? Alguma experiência com relação a algum fundo parecido?

HSBC: Algum patrocínio pela propaganda para o fundo?

Para uma explicação didática sobre os títulos do tesouro e uma introdução ao IMA, acesse:
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto/download/edesp_ima_tpf.pdf

Para verificar a variação do IMA, acesse:
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto/rentabilidade.asp

Sobre o fundo:
http://www.hsbc.com.br/1/2/portal/pt/private-bank/nossas-solucoes/fundos-de-investimento/fundos-de-investimento-private/hsbc-fi-renda-fixa-precos

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Como garimpar oportunidades


Um pequeno texto para reflexão, do consultor financeiro Gustavo Cerbasi, autor de livros como "Dinheiro: os segredos de quem tem" e "Casais inteligentes enriquecem juntos".

16/07/2012 - 03h00
Como garimpar oportunidades - Gustavo Cerbasi

Que atire a primeira pedra quem nunca se frustrou ao buscar uma dica de investimentos aparentemente quente e, tempos depois, percebeu que fez uma péssima escolha.

Será que especialistas e imprensa especializada tentam ludibriar os menos experientes? Ou será que bons investimentos simplesmente deixam de ser bons quando pessoas comuns passam a optar por eles?

Aposte nessa segunda reflexão. Um bom investimento hoje provavelmente deixará de ser bom em um prazo não muito longo. Isso não é profecia, mas sim pura lógica econômica.

Os melhores investimentos provavelmente serão as maiores causas de frustrações para desavisados, simplesmente porque oportunidades têm prazo de validade.

Ganho fácil é aquilo que chamamos de oportunidade, pois é improvável que, sendo fácil, dure muito tempo.

Afinal, quanto maior a facilidade de ganhos que uma oportunidade traz, mais evidente ela é para empreendedores e investidores, e mais rapidamente atrairá interessados em aproveitá-la.

Quando muitas pessoas disputam uma oportunidade, ela se torna escassa e encarece, deixando de ser uma oportunidade. Em outras palavras, mostre-me um caminho fácil para ganhar dinheiro que eu consigo torná-lo difícil.

Essa é uma reflexão essencial para quem lida com escolhas de investimentos e negócios.

Se muitos investidores disputam imóveis em uma região que se valoriza, a própria disputa gera escassez, que faz os preços dos imóveis subirem.

Isso chama a atenção do mercado, atrai ainda mais investidores, criando preços desequilibrados, que em um segundo momento passam a despertar maior racionalidade e gerar desconfiança de que o desequilíbrio existe. Nesse momento, a oportunidade se esgotou.

Se os preços subiram demasiadamente, pode acontecer uma queda abrupta de preços, causando o que se chama de estouro da bolha.

Se a alta não for considerada muito absurda, os preços simplesmente estacionam em um certo patamar ou entram em um processo de declínio gradual por falta de interessados.

Esse fenômeno acontece com todo investimento que se torna uma moda. Pode ser no mercado de imóveis, de ações ou de qualquer outro ativo. Segundo a lei da oferta e da demanda, tudo o que está na moda tende à saturação.

Por isso, uma das principais regras de sucesso de quem investe ou pretende investir é se envolver cada vez mais com o mercado em que negocia seus ativos.

É importante acompanhar diferentes fontes de análise, frequentar eventos e cursos, trocar experiências com outros investidores e inovar na forma de estudar o desempenho da carteira de ativos.

Quanto mais envolvido estiver o investidor, mais apto estará a identificar oportunidades -as novas, e não as velhas que já estão perdendo força.

Isso não significa que não há saída para aqueles que têm pouca experiência com investimentos.

A velha recomendação estratégica continua válida: quanto menor seu envolvimento com investimentos, mais conservadora deve ser sua carteira.

Porém, com juros na casa de 8% ao ano e ganhos reais pouco acima de 2%, nem o mais conservador dos investidores deve se dar ao luxo de ter apenas recursos em renda fixa.

Os mais conservadores deveriam ter uma parcela pequena dos investimentos em mercados de renda variável, seja em ações, commodities ou pequenos imóveis, para poder sentir o oportuno desconforto do sobe e desce dos preços.

Por que oportuno? Porque as quedas de preços nos incomodam.

O incômodo deveria levar o investidor a buscar mais informações sobre a perda que afeta parte de sua carteira, e essas informações o conduziriam a oportunidades ainda em seu estágio inicial.

Daí viria o verdadeiro processo de enriquecimento, quando uma oportunidade de ganho fácil se mostra evidente e o investidor saca boa parte de sua renda fixa para comprá-la ainda barata.

Em tempos de juros baixos, oportunidades estão raras. Se você tem algo gerando resultados muito bons, tem em mãos um forte sinal de alerta.

Pode estar chegando a hora de se desfazer desse ótimo ativo e buscar a próxima oportunidade.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gustavocerbasi/1120651-como-garimpar-oportunidades.shtml

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Renegociação de contratos de consumo


Reveja seus contratos de consumo regularmente: pelo menos a cada 6 meses, entre em contato com a central de atendimento da operadora do seu celular, do seu telefone fixo, da TV a cabo, da internet,... Recentemente, tive 2 excelentes exemplos de como uma simples ligação pode impactar diretamente no valor que você paga pelos serviços contratados.

O primeiro foi uma ligação para a TIM, porque estava achando minha conta de telefone muito cara. Liguei para a Central de Atendimento, disposto a passar por todos aqueles menus, chatices e gerundismos. Estava à caminho da FACE, na Federal, e coloquei o celular em viva voz e aproveito o trânsito para fazer as negociações. Resumidamente, informei à telefonista: "Estou achando minha conta cara. Você tem algum desconto que pode ser ativado para mim?" Ela respondeu: "Só um momento que vou estar verificando (é claro...)." Depois de alguns momentos, ela informa que havia sim um desconto disponível, de nada menos que R$ 90,00, o que representava aproximadamente 40 a 50% da minha conta mensal. Para ativar o desconto, logicamente tive que aguardar o sistema processar, o que durou uns uns 10 a 15 minutos, mas valeu a pena, não?

A outra oportunidade foi com relação à NET, da qual sou cliente de tv a cabo,  internet e telefonia fixa. Na conversa, descobri que havia um plano mais barato que o meu (20% mais barato), e que tinha mais canais que o meu!!! Ora, porque eu não soube disso antes? Provavelmente porque eu não tinha ligado, pois dificilmente eles me ligariam para me oferecer um plano melhor e mais barato, correto? Além disso, quando contratei o plano, para conseguir um preço melhor, era obrigado a fechar um plano telefônico com franquia de R$ 40,00, embora nunca usasse mais do que R$ 10,00. Descobri também que poderia mudar para outro plano, com franquia de R$ 15,00! Por fim, satisfeito, mas não tanto, joguei a velha tática do desconto disponível: bom, não havia desconto, mas consegui um ponto de tv a cabo adicional sem mensalidade, apenas pagando a instalação. Como já estava querendo outro ponto, aceitei, é claro...

O fornecedor dificilmente irá entrar em contato com o consumidor para oferecer algo melhor E mais barato. Por isso, é importante que se crie o hábito de regularmente tentar renegociar os contratos vigentes.

Alguém já passou por uma situação parecida?