terça-feira, 30 de março de 2010

Quando atingir 1 milhão?

O primeiro milhão é normalmente visto como o mais famoso marco de riqueza. Por isso, não raro se torna o principal dos grandes objetivos de quem poupa. Por outro lado, costuma ser visto como um sonho de difícil realização e, se faltar disciplina e regularidade, de fato continuará sendo apenas uma fantasia.

A busca do milhão deve ser sempre marcada por características essencicais: é um investimento de longo prazo, regular, constante e requer paciência e tranquilidade. Por exemplo, é necessário ter em mente que os 300 reais que são guardados todo mês irão virar o seu 1 milhão. Ou seja, os 300 reais não devem ser “menosprezados”, e eventualmente direcionados a outros gastos, pois eles são na realidade o seu 1 milhão bebê. Se não forem poupados sistematicamente todo mês, o seu 1 milhão nunca chegará a andar.

A primeira pergunta a se fazer é quando se quer atingir a quantia de 1 milhão. A partir disso, é possível planejar a quantia a ser poupada por mês e o tipo de investimento que será feito. Na tabela disponível para download, temos 9 casos combinados em três rentabilidades mensais diferentes: renda fixa, investimentos variados e investimentos arrojados. A terceira possibilidade é um tipo de investimento agressivo, baseado majoritariamente em renda variável (bolsa de valores, câmbio, commodities, etc). Algumas conclusões são:

Poupando R$ 700,00 por mês, aplicados exclusivamente em renda fixa (ou seja, sem risco algum) em pouco menos de 30 anos você terá atingido a marca de 1 milhão de reais. A mesma quantia aplicada em investimentos variados reduz o prazo para 19 anos. Já no investimento agressivo, o primeiro milhão pode chegar com menos de 15 anos.

Guardando R$ 300,00 por mês, a renda fixa só lhe dará 1 milhão com quase 40 anos de investimento. Neste mesmo período, em investimentos agressivos, o montante já poderia ter atingido quase 200 milhões de reais. Isto porque, com apenas 18 anos, os R$ 300,00 já teriam virado 1 milhão nesta modalidade de investimento.

É muito importante notar que a rentabilidade é muito mais importante do que a quantia guardada mensalmente. Basta comparar, por exemplo: R$ 1500,00 poupados mensalmente em renda fixa levam 21 anos para acumular um milhão, ao passo que R$ 300,00 (1/5 do sacrifício) levam 3 anos a menos para atingir o mesmo 1 milhão, se aplicados em uma rentabilidade média 3 vezes maior.

No entanto, é extremamente desaconselhável a construção de uma poupança baseada exclusivamente em renda variável. A proporção investida em renda variável deve ser maior nos primeiros anos dos investimentos e menor da metade em diante dos anos. De toda forma, os valores mais importantes continuam sendo disciplina e regularidade nos investimentos.

Aproveite para analisar a planilha de Simulações de Investimento, disponível para download, e compare os 9 planejamentos diferentes para se atingir 1 milhão.

A estrutura da planilha foi elaborada pelo grande amigo engenheiro de produção César Schmitt, também referido simplesmente como Smith.

domingo, 21 de março de 2010

O que aprender com Eike Batista?

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Nos últimos dias, um nome em específico tem aparecido muito na mída: Eike Batista. O principal motivo foi sua figuração como o oitavo homem mais rico do mundo, segundo a revsita Forbes - responsável por formular a mais renomada lista do tema. O mineiro, de Governador Valadares, atingiu tal feito com a fortuna de nada menos que 27 bilhões de dólares. Antes de ler uma reportagem, me peguei imaginando se Eike não seria um filhinho de papai, que nasceu em berço-de-ouro e simplesmente conseguiu administrar bem sua posição já privilegiada. A conclusão a que cheguei foi: apesar de polêmicas e opiniões adversas, não há como negar o incrível mérito de Eike, e muito menos o seu anormal tino e empenho com o mundo dos negócios, que transformou fantasticamente qualquer conceito de multiplicação de patrimônio.


Eike é filho de um ex-ministro de Minas e Energia, do João Goulart, que também dirigiu a Vale por muitos anos, quando a empresa ainda era estatal. Deste fato fica claro que Eike já nasceu como integrante da alta sociedade, e que desde sempre possuía uma condição ecônomia extremamente confortável. Poderia se contentar com um excelente emprego, obtido através de indicações paternas, ou valer-se de influências para simplesmente integrar o empresariado brasileiro e ficar muito rico. No entanto, parece sequer ter considerado essa possibilidade, e fez, sim, uso de sua posição social e das influências do pai para buscar algo mais ousado: o posto de um dos homens mais ricos do mundo.

Quando morava na Alemanha e cursava engenharia, Eike vendia apólices de seguro para obter renda própria. Não que ele precisasse, pois o motivo da mudança para lá foi o processo de internacionalização dos negócios da Vale, comandada por seu pai. Vale lembrar que ele ainda está vivo, e integra hoje o conselho da principal empresa de Eike, a EBX. Ao retornar para o Brasil, recorreu a financiamentos e investiu na busca de ouro na Amazônia,associando-se a garimpeiros. Reinvestiu os lucros que obteve, e foi adquirindo minas na região, até fazer um grande negócio com uma mineradora internacional. Tornou-se o maior acionista da empresa candadense, renomeou-a para TVX e iniciou sua jornada rumo a uma fortuna difícil de calcular.

No campo de planejamento financeiro pessoal, há muito o que aprender com Eike. E certamente não é a batizar o nome de nossas empresas com X no final, como ele fez com a EBX, MMX, OGX, LLX e outras. Tirando a sorte, que não aprendida, o que vale observar é a determinação, foco, ousadia e, principalmente, a inquietação, no sentido de não-acomodação. É importante termos metas e objetivos traçados, nos planejarmos e lutarmos para atingí-los. Não falo aqui de se tornar o homem mais rico do mundo, como Eike afirma que o será daqui a 3 anos, nem de construir uma fortuna, mas sim de realizar sonhos.

sábado, 13 de março de 2010

Garantindo um terreno com eucaliptos

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Quem tem um terreno, tem preocupações. Principalmente de invasão. No Direito, temos o instituto do usucapião. Em linhas grosseiras, em um dos casos mais agressivos, vale dizer que: se você tem um imóvel localizado na área urbana e algúem que não tem outra propriedade e se apossar dele, ou de parte dele, por 5 anos seguidos sem sua oposição, terá adquirido direito à sua propriedade ou da parte que se apossou. Em 15 anos, independerá de o invasor ter ou não outra propriedade ou de ser o imóvel rural ou urbano.


Muito importante: essa posse tem que ser sem qualquer oposição do proprietário. Não é necessário oposição formal. Ou seja, se você visita constantemente o terreno, percebe a invasão e simplesmente conversa com os invasores manifestando sua discordância, fica desconfigurado o usucapião. Entretanto, o aconselhável é que se tire fotos, notifique através de cartório, leve testemunhas, enfim, produza todas as provas no sentido de comprovar sua discordância.

Para evitar esse tipo de dor de cabeça, a primeira medida normalmente tomada é o cercamento do lote. No entanto, quem já orçou este tipo de serviço sabe que não fica barato. Principalmente ser for para construir um muro. E vale lembrar, muro ou cerca podem ser ineficientes se realmente quiserem invadir.

Uma opção diferente é plantar eucaliptos no seu terreno. Os eucaliptos devem ser plantados ao longo de todo o terreno, mas principalmente nas linhas divisórias do terreno. Dois ou três anos depois, os eucaliptos delimitarão claramente as divisórias de seu terreno, e mais: comprovarão inequivocamente que você tem exercido a posse sobre a sua propriedade, afastando qualquer possibilidade de usucapião.

Além disso, 4 ou 5 anos depois, quando todos os pés estiverem razoavelmente grandes, uma possível invasão fica extremamente dificultada, pois seria necessário antes cortar uma grande quantidade de eucaliptos, para depois cosntruir, etc. Certamente o invasor preferirá outro terreno, que seja só cortar o mato.

Há ainda o detalhe final: quando você for vender seu terreno, ou construir nele, poderá vender o corte das árvores para empresas especializadas. Vale lembrar que o plantio de eucaliptos é um tipo de investimento extremamente rentável e atrativo. No entanto, claro que não se fará uma fortuna, pois a quantidade não permitirá.

Eu fiz o que sugiro acima, e esses dias fui visitar o terreno. Tinha mais de um ano que não ia lá, e fiquei extremamente feliz e satisfeito ao ver o tamanho dos pés. É gratificante, tendo em vista que eu mesmo comprei as mudas e ajudei a plantar. Veja o dia do plantio:



Menos de 6 meses depois:



Pouco mais de 1 ano:



Por fim, com 2 anos:






quinta-feira, 4 de março de 2010

Erros na Bolsa

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Esses dias recebi o newsletter da Expomoney, e nele um artigo bem interessante do economista Leandro Martins, intitulado Fuja dos erros ao investir. O artigo cita os 10 erros mais clássicos e comuns dos neo-investidores. Embora sejam conhecidos de todos (inclusive, a maioria dos cursos de “como investir na Bolsa” os citam), os erros não recebem a devida atenção até sejam cometidos na prática.

Como recentemente tive uma experiência nada boa na Bolsa, me identifiquei com alguns dos erros, e outros não. Pretendo comentar aqui sobre alguns desses erros. Os trechos em itálico são retirados diretamente do artigo do autor.

1. pressa nas operações – muitos investidores aplicam todo o capital em ações e acabam pagando o pedágio do aprendizado, com as perdas iniciais. Existem simuladores que proporcionam experiência ao investidor sem tais perdas iniciais. Em seguida é recomendável um aumento gradual da exposição em ações;

Com razão o autor. No entanto, acho que o pedágio inicial é necessário para a construção de um investidor sólido. Além disso, os simuladores são ótimas ferramentas, mas é preciso ter uma disciplina enorme. Experimente simular investimentos com 1 milhão e tentar acompanhar durante 1 mês. Por outro lado, pegue R$ 100,00, invista e verá a diferença.

3. excesso de otimismo – considera que, com toda a certeza, a operação será lucrativa;

Essa caiu como uma luva para mim! Não sei se todos iriam pensar assim...

5. sem metodologia – mudanças constantes na forma de operar e dos indicadores utilizados. O investidor não define um set up;

Perfeito. Basta um indicador ou uma estratégia falhar por algumas vezes seguidas, que trocamos. O mesmo com papéis. Estou defendendo que a mudança constante de ações ou estratégias atrapalha o rendimento a longo prazo, além de levar à especulação.

7. viés de confirmação – com acesso a muitas informações, o investidor tende apenas reconhecer as informações que estariam de acordo com seu entendimento. Por exemplo, em posse de ação em forte tendência de baixa, e que apresente a ele alto prejuízos. Ao verificar as notícias de tal empresa, ele pode acessar dez notícias ruins, mas ao ler apenas uma relativamente boa, irá vibrar de alegria e acreditar que a empresa irá recuperar-se e que sua análise anterior foi excelente.

É verdade... Quando estamos envolvidos em uma operação, a capacidade de discernimento fica prejudicada, e realmente tendemos a interpretar as informações de acordo com nossa conveniência.

8. compra na alta – atraído pela euforia do mercado a compra é efetuada, quando a análise gráfica poderia alertar que a ação já estaria para entrar em momento de reversão.
9. vende na baixa – apenas após consecutivas quedas, e contagiado pelo pânico, a venda com grande prejuízo é realizada. Justamente momento de uma reversão para uma alta, já que nesse momento acabaram os vendedores.

Essas duas, por mais óbvias que pareçam, não concordo. Há uma máxima que diz: uma ação nunca está tão alta que não possa subir mais, e nunca está tão baixa que não possa cair mais. Por isso, mesmo fazendo uso da análise gráfica, é extremamente dificil saber se a ação que está alta começará a cair. Mais importante ainda é a situação na queda: imagine que não se venda a ação, pois representaria um grande prejuízo. Em seguida, a ação cai ainda mais, despenca. O prejuízo pode ser ainda maior, e inviabilizar a continuidade dos investimentos (sem eufemismos, quebrar o investidor).

Por fim, cometer esses erros é péssimo, mas não tem preço no sentido do aprendizado. O que acho realmente válido é limitar o preço que se está disposto a pagar, até que alguns desses erros sejam ultrapassados e até que o investidor amadureça.

Vale dizer: entre com um capital baixo, não alavanque, não tenha metas absurdas e não fique operando toda hora.