quarta-feira, 28 de abril de 2010

Seguro de cartões de crédito: direito do consumidor e planejamento financeiro.

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É extremamente comum as operadoras de cartão de crédito quererem nos vender seguros contra furto, roubo ou extravio do cartão. Ao fazerem isso, nos passam a idéia de que, sem o seguro, estaríamos desprotegidos e teríamos que arcar com todos os prejuízos advindos do mal-uso do cartão. No entanto, isso não é verdade, e não passa de extorsão de dinheiro.

O seguro não é de forma alguma requisito para a eliminação do crédito indevido, tendo em vista que a responsabilidade, na grande maioria das vezes, será da operadora e (ou) do estabelecimento em que se deram as compras. É incrivelmente absurdo vender a tese de que o consumidor terá que arcar com gastos que não efetuou. Quem deve fazer esse seguro são as operadoras e os lojistas, e não o consumidor.

Certa vez, solicitei um cartão que nunca chegou na minha casa. Mas a fatura chegou, repleta de compras que não fiz, pois sequer o havia recebido ou desbloqueado. Meu cartão foi extraviado no caminho entre a operadora e a minha casa, e o estelioportador (acabei de inventar o termo) ligou, desbloqueou meu cartão e efetuou diversas compras, assinando sei lá o que.

Primeiro: responsabilidade gritante da operadora, que não conferiu os dados pessoais quando do desbloqueio por telefone, ou conferiu de maneira cristalinamente superficial. Segundo: responsabilidade clara dos estabelecimentos que aceitaram as compras com o cartão, sem pedir documentos e conferir a assinatura. Eu não tinha seguro, logicamente. Liguei para a operadora, que cancelou todos os créditos indevidos em 2 ou 3 dias úteis. Se não cancelasse, entraria com uma célere e gratuita ação no Juizado Especial contra a operadora e contra os estabelecimentos, com ganho de causa garantido e grande possibilidade de indenização por dados morais.

A cobertura dos seguros é englobada pela cobertura legal, razão pela qual considero esse seguro inclusive ilegal. Um interessante detalhe é a cara-de-pau, pois colocam limite para a cobertura, sendo que não há limite legal para esses casos. Serão cobertas despesas com furto, roubo, extravio, etc até o limite de 10 mil reais. Ora, se o estelionatário gastou 1 milhão no seu cartão (Cartão Diamante Eike), esse 1 milhão será arcado pelos responsáveis legais, e não por você.

Assim sendo, uma boa idéia seria cancelar todos os inúteis e ilegais seguros de cartão de crédito, e programar uma transferência automática dos valores que eram pagos para uma poupança. Dessa forma, o dinheiro que antes era jogado pelo ralo poderá virar um pequeno montante no futuro.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Negócios de sucesso: A história da Farm

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Poucos dias atrás, tomando um chopp bem gelado, a Sara me contou que havia assistido ao programa Mundo S/A da GloboNews, sobre a Farm. A trajetória da marca me impressionou, pois imaginava seu berço na elite da moda. No entanto, a história representa uma grande determinação de seus criadores, e revela um curioso acaso bastante responsável pelo estrondoso sucesso da grife.

Kátia, auditora, e Marcelo, engenheiro, largaram seus empregos para investirem no próprio negócio. Abriram no Rio uma franquia de uma loja de roupas de São Paulo, que não deu certo. Foram focados e corajosos o suficiente para venderem dois carros e um apartamento na tentativa de manter o negócio. Ao mesmo tempo, Kátia – sem conhecimento algum de moda ou design – começou a elaborar algumas peças de roupa na tentativa de diminuir um pouco os prejuízos, pois a margem de lucro seria maior nas peças caseiras do que nas peças franqueadas.

A surpresa veio exatamente com o fato de as peças elaboradas por Kátia venderem rapidamente, ao passo que as da franquia continuavam “encalhadas”. Os criadores, então, se capacitaram na área, através de cursos e eventos. Pouco tempo depois, fecharam a estrutura da loja e passaram a atuar em uma feira alternativa de roupas e moda no Rio, através de um stand, o que representou uma receita considerável de vendas e a consolidação da marca.

Atualmente, a Farm conta com 24 lojas em diversos pontos do Brasil e 750 funcionários. Kátia e Marcelo lançaram uma nova marca, infantil, que já conta com 3 lojas. Anunciaram, também, a fusão com a Animale, grife de peso no mundo da moda.

Quem quiser conferir a história, segue o link da reportagem do Mundo S/A, com duração total de 10 minutos:
http://globonews.globo.com/Jornalismo/GN/0,,MUL1463106-17665-315,00.html

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Para onde vai o preço dos imóveis?

Poucos dias atrás, recebi um folder de um apartamento fantástico, localizado no Vale dos Cristais: 600 m2, 4 quartos com suíte e closet, espaço relax (varanda com ofurô), mezanino na sala de estar, sala de TV, 4 ou 5 vagas na garagem, área de lazer com tudo que você pensar e mais um pouco, enfim, algo surreal. Liguei para saber o valor, e faço o alerta: é muito caro, mas MUITO CARO mesmo. Agora tente imaginar o valor.

Nada menos do que 3,5 milhões.
E a cobertura do mesmo prédio, 7 milhões e 120 mil reais!

Bem, sabe-se que o mercado imobiliário de Belo Horizonte sempre foi defasado em relação às grandes capitais brasileiras. Isto é, o valor de um imóvel no Rio, São Paulo ou Florianópólis é maior do que o valor de um imóvel equivalente na capital mineira. No entanto, o mercado local parece estar procedendo à uma equiparação de preços, em um ritmo consideravelmente acelerado.

Tal fato pode ser notado através de uma breve pesquisa de preços de imóveis de luxo, que estão sendo construídos ou recém-acabados na zona centro-sul, por exemplo. Qualquer imóvel dessa categoria, com 3 ou 4 quartos, com uma boa metragem, de um de uma construtora renomada, com uma área de lazer interessante, gira em torno de 1 milhão de reais. Há 2 ou 3 anos atrás era realmente difícil achar um imóvel nesse valor, ainda que de luxo, localizado na mesma região e com as mesmas características. No entanto, atualmente é difícil achar um imóvel dessa categoria que não seja esse valor.

O que fica claro é que o preço dos imóveis, não só os de luxo, aumentaram espantosamente nos últimos anos. Na mesma linha, a valorização dos imóveis também foi igualmente espantosa. Basta comparar o valor pago em um imóvel há alguns anos e o valor de mercado do mesmo imóvel hoje. É de assustar...

Voltando ao apartamento mencionado na introdução, é claro que se trata de um apartamento fenomenal, de primeiríssima linha, com qualidade e conforto inimagináveis, mas ele vale 3,5 milhões? Sua cobertura realmente vale 7 milhões?

O que defendo é que os valores dos imóveis estão muito inflacionados. Definitivamente inflacionarão ainda mais, ou seja, ainda há pleno espaço para valorização imobiliária. É provável que apartamentos equivalentes aos de 3 milhões hoje custem 4 milhões daqui a dois anos. Daqui a poucos anos, possivelmente teremos coberturas de 10 milhões. Entretanto, é cristalino que os preços estão bem altos, sustentados por aspectos principalmente especulativos.

Nesse sentido, vale perguntar quantas pessoas em Belo Horizonte podem (e querem) pagar 4, 7 ou 10 milhões em um apartamento. Por enquanto há compradores, mas quando não houver mais, o preço desses imóveis vai ter que abaixar. E quando isso acontecer, certamente arrastará para baixo o valor dos imóveis de todas as outras categorias, como uma reação em cadeia. Neste momento ocorrerá a correção dos valores no mercado imobiliário, ou em outras palavras, a explosão da bolha.

Não é possível estimar quanto tempo demorará para acontecer, mas acredito que não menos que 10 anos e nem mais de 15. Ainda há tempo e mercado para investimentos em imóveis, que certamente se valorizarão ainda mais, mas é preciso estar atento para a formação desta bolha e liquidar os investimentos antes do estouro. Nessa época, quem estiver morando de aluguél e pensando em adquirir a casa própria, pode e deve esperar mais um poquinho. Afinal, no meio da futura crise será um ótimo momento para comprar...